O mercado financeiro brasileiro e o americano compartilham diversas similaridades. Em ambos, os investidores podem encontrar alternativas na renda fixa, explorar oportunidades com ações e demais ativos e derivativos na bolsa de valores e comprar cotas em fundos de investimento.
Entretanto, apesar das semelhanças, há diferenças significativas entre os mercados dos dois países. As distinções se estendem desde normas regulatórias sobre o funcionamento de cada sistema até a diversidade de instrumentos financeiros disponíveis para investimento.
Quer saber quais são essas diferenças? Neste artigo, você entenderá como os mercados financeiros do Brasil e dos Estados Unidos se diferenciam. Acompanhe!
Como funciona o mercado financeiro brasileiro?
O mercado brasileiro é parte do Sistema Financeiro Nacional (SFN). Já o mercado de capitais é o espaço em que há a negociação de ativos, títulos financeiros públicos e privados e demais valores mobiliários.
Os instrumentos do mercado servem tanto para captação de recursos quanto para rentabilização de dinheiro. Por exemplo, um banco tem a possibilidade de emitir um título de renda fixa, como um certificado de depósito bancário (CDB), para levantar capital de investidores.
O recurso captado poderá ser aplicado para financiar suas atividades, como a oferta de linhas de crédito para os clientes. Já os investidores que fizeram a aplicação terão o capital rentabilizado, recebendo juros conforme as regras da aplicação.
No Brasil, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é a entidade reguladora do mercado de capitais. Ela atua na supervisão de empresas e instituições que emitem valores mobiliários (como ações e títulos), corretoras, bolsas de valores e fundos de investimento.
Quanto à bolsa, havia apenas uma em operação no Brasil até 2024 — a B3. Ela surgiu em 2017, após a fusão da BM&F Bovespa com a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip). Trata-se da maior bolsa de valores da América Latina.
O mercado de capitais nacional também tem a atuação da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) como destaque. Ela tem uma função de autorregulação, com normas voltadas a instituições associadas.
Outros agentes relevantes do mercado financeiro brasileiro são as instituições financeiras, como as corretoras de valores. Elas têm a função de apresentar as alternativas de investimento e viabilizar o acesso ao mercado de capitais.
Como funciona o mercado financeiro nos Estados Unidos?
O mercado de investimentos dos Estados Unidos é um dos mais robustos e desenvolvidos do mundo. Afinal, o país é dono da principal economia global e tem uma cultura de investimentos já estabelecida no cotidiano da população.
Assim como no Brasil, investidores podem encontrar alternativas de renda fixa e variável no país, desde ações até Treasury bonds — títulos do Governo Federal. A principal reguladora local é a Securities and Exchange Commission (SEC).
Ela supervisiona o mercado de ações, títulos, gestão de investimentos etc., com objetivo de proteger os investidores, manter a ordem nos mercados e facilitar a formação de capital. A SEC também tem autoridade para conduzir processos legais no país.
Já a entidade que seria equivalente à ANBIMA nos EUA é a Financial Industry Regulatory Authority (FINRA). Ela supervisiona as corretoras e os profissionais do mercado, com definição de boas práticas e regulamentação da atividade dos agentes.
Outro destaque é que os Estados Unidos têm múltiplas bolsas de valores. As maiores do país — e do mundo — são a New York Stock Exchange (NYSE) e a National Association of Securities Dealers Automated Quotations (Nasdaq) — ambas em Nova York.
Quais são as diferenças entre os mercados?
Agora que você tem uma melhor compreensão sobre as principais características de funcionamento dos mercados brasileiro e americano, é hora de ver como eles se diferenciam.
A seguir, confira os principais pontos de distinção!
Entidades e estruturas envolvidas
O primeiro ponto são as entidades e estruturas envolvidas. Como você viu, no mercado brasileiro, a CVM atua como órgão regulador geral do mercado de capitais e a ANBIMA opera no processo de autorregulação das instituições.
É possível traçar um paralelo entre elas e a SEC e FINRA, respectivamente. Mas, apesar de existirem similaridades nas ações das entidades, as dos Estados Unidos podem investigar e conduzir processos legais. No Brasil, o âmbito legal depende do sistema judiciário.
Em adição a essas 4 entidades, vale a pena ressaltar a ação do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), no Brasil, e do Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC), nos EUA. Ambos atuam para proteger financeiramente os investidores e clientes de uma instituição financeira.
No Brasil, o FGC oferece cobertura de até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ, em caso de insolvência de uma instituição financeira. Além do saldo em conta corrente, a entidade cobre investimentos como CDBs, letras de crédito imobiliário (LCIs) e do agronegócio (LCAs).
O FGC tem um teto global de R$ 1 milhão, renovável em 4 anos. Por sua vez, o FDIC cobre até US$ 250 mil por depositante. Ele protege depósitos em diferentes tipos de contas e ordens de pagamentos, mas não cobre títulos de renda fixa, por exemplo.
Outra diferença é que o FGC é uma entidade privada, enquanto o FDIC é uma agência governamental.
Tamanho do mercado e investidores
Mais uma distinção importante é o tamanho do mercado financeiro brasileiro e o dos EUA, começando pela quantidade de bolsas em operação. Como você viu, o Brasil tinha apenas a B3 até 2024.
Nos Estados Unidos, além de NYSE e Nasdaq, a Chicago Mercantile Exchange (CME) merece destaque por ser a maior bolsa de derivativos do mundo. A quantidade de alternativas disponíveis também é um ponto relevante que diferencia os dois mercados.
Enquanto a B3 contava com pouco mais de 400 empresas listadas em 2024, só a Nasdaq tinha quase 3.500 companhias ao fim de 2023. Além da quantidade de ações, os EUA têm um mercado mais diverso.
Por exemplo, no Brasil, os exchange traded funds (ETFs) funcionam apenas como fundos de índice, com gestão passiva, replicando os resultados de um índice do mercado. Já nos EUA, há ETFs com as mais diversas estratégias, incluindo fundos de gestão ativa. A variedade pode ampliar as possibilidades para os investidores.
Inclusive, os Estados Unidos já têm uma cultura mais forte de investimentos. Mais de 60% dos estadunidenses tinham ações em 2024. Enquanto isso, no Brasil, pouco mais de 5 milhões de pessoas investiam em renda variável na B3 — menos de 5% da população.
Como você acompanhou, existem diferenças relevantes entre o mercado financeiro brasileiro e o dos Estados Unidos. Pelo tamanho e desenvolvimento, os EUA têm mais chances de proporcionar liquidez e potencial de diversificação aos investidores.
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