Quem investe em fundos de investimento precisa ficar atento às cobranças de taxas e impostos sobre os ganhos apurados. Então saber o que é come-cotas, como ele incide sobre o seu patrimônio investido e como funciona é fundamental.
Apesar de não ser aplicado em todos os fundos, o come-cotas é comum e representa um desconto de Imposto de Renda (IR) sobre a rentabilidade obtida. Por isso, conhecê-lo ajuda a saber quais foram seus ganhos reais.
Quer entender mais sobre o que é come-cotas? Neste conteúdo, você aprenderá as informações mais importantes sobre a cobrança. Confira!
O que é o come-cotas e como funciona?
O come-cotas é o nome popular dado a um adiantamento de Imposto de Renda que ocorre nas cotas de determinados fundos de investimento. Ele costuma ser aplicado em veículos financeiros classificados como de curto ou longo prazo.
A ideia é que, antes de o investidor realizar o resgate das cotas, a Receita Federal obtenha um adiantamento do imposto. Como o Fisco não sabe quando será a liquidação da posição no investimento, assegura-se um recebimento antecipado.
O come-cotas é chamado assim porque essa forma de adiantamento realmente “come” uma parte das cotas do investidor. Ou seja, o pagamento não é feito em dinheiro, mas sim como um desconto do valor proporcional das cotas em relação à alíquota aplicada.
Também vale entender que esse desconto é automático e aparece como um resgate nos informes. Desse modo, o investidor não precisa adotar nenhum procedimento ou se preocupar com a emissão do Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF) para o pagamento.
Quem investe apenas enxerga o desconto sendo realizado sem interferir no processo. Para entender como o come-cotas reduz o seu número de cotas no fundo de investimento, vale considerar um exemplo. Imagine que você tenha comprado 500 cotas por R$ 10 cada uma.
Agora, considere que o patrimônio do fundo aumentou em 20% durante o período de apuração do come-cotas. Nesse caso, cada cota passou a valer R$ 12 — e o seu patrimônio investido foi de R$ 5 mil para R$ 6 mil.
Caso a alíquota do come-cotas seja de 20%, haveria um desconto de R$ 200 sobre o rendimento obtido. Portanto, seguindo os parâmetros do exemplo, o come-cotas consumirá cerca de 16,66 cotas do seu investimento.
O come-cotas ocorre em quais tipos de fundos?
Agora que você já sabe o que é o come-cotas e como ele funciona, precisa entender em quais fundos ele é aplicado.
Observe a lista com os principais:
- fundos multimercado: são os veículos que não têm limitações para os ativos e títulos que compõem suas carteiras;
- fundos de renda fixa: montam o patrimônio, principalmente, com títulos de renda fixa;
- fundos cambiais: a carteira desses fundos é composta, majoritariamente, por ativos atrelados a moedas estrangeiras;
- fundos de ouro: veículos que montam seu patrimônio com ativos vinculados ao ouro, buscando se expor ao metal.
Caso o fundo de investimento que você tem cotas se enquadre em uma dessas classificações, haverá o recolhimento do come-cotas. Logo, fique atento aos relatórios e aos informes de rendimento para entender quando isso ocorre e acompanhar a progressão de suas cotas.
Qual é a alíquota do come-cotas?
Para saber qual é a alíquota do come-cotas, é preciso dividir os fundos de curto e médio prazo. Essa classificação ocorre conforme as regras da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), sendo padronizada.
Veja como a alíquota se comporta em cada um deles!
Fundos de longo prazo
Nos fundos classificados como de curto prazo, a alíquota de Imposto de Renda pode ser de 22,5% para o resgate feito em até 180 dias ou de 20% para resgates maiores do que esse prazo. Vale ressaltar que a cobrança é aplicada apenas sobre os rendimentos obtidos.
O come-cotas sempre utiliza a menor dessas alíquotas. Então, no caso dos fundos de longo prazo, o IR será de 20%. Se o investidor mantiver o seu investimento por mais de 180 dias, ele não terá que pagar IR no resgate. Já se o saque for antes, é preciso completar a diferença para a maior alíquota.
Fundos de curto prazo
Já os fundos classificados como de curto prazo possuem uma tabela regressiva da alíquota de Imposto de Renda. Confira:
- resgate em até 180 dias: alíquota de 22,5%;
- resgate entre 181 a 360 dias: alíquota de 20%;
- resgate entre 361 a 720 dias: alíquota de 17,5%;
- resgate após 720 dias: alíquota de 15%.
Nesse caso, a alíquota utilizada no come-cotas também é a menor da tabela, de 15%. Assim, se o investimento for resgatado com menos de 720 dias, você deve pagar a diferença de IR entre as alíquotas.
Quando é cobrado o come-cotas?
Outra informação importante se você quer investir em um fundo que tenha come-cotas é a sua data de cobrança. Como visto, o procedimento de pagamento é automático e ocorre de forma periódica e padronizada em todos os fundos.
Nesse sentido, o come-cotas é recolhido duas vezes ao ano. A primeira delas é no final do mês de maio e a segunda no fechamento do mês de novembro.
Por que vale a pena conhecer o assunto?
Como você percebeu, o come-cotas é uma forma de adiantar o pagamento de Imposto de Renda nos fundos que têm essa aplicação. Dessa forma, existem diversos motivos para conhecer o funcionamento e as regras dele.
O primeiro é não se assustar com a redução do número de cotas a cada semestre. Como você viu, esse é o procedimento utilizado para que o come-cotas consiga recolher o imposto de forma adiantada, feito automaticamente.
Além disso, saber do assunto ajuda a entender o IR pago ao resgatar seu capital investido. Afinal, você também viu que o come-cotas funciona como um adiantamento, logo, o imposto pago ao final será somente a diferença entre as alíquotas, se houver.
Em muitas situações, você não precisará recolher IR no resgate. Isso acontece quando ele já foi totalmente adiantado por meio do come-cotas à Receita Federal. Portanto, não há mais obrigações — o que facilita o cálculo da rentabilidade.
Agora você já sabe o que é o come-cotas, como ele funciona e quando ocorre o recolhimento. Acompanhe o pagamento e calcule os retornos obtidos comparados ao imposto pago com seus fundos de investimento.
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