O que é circuit breaker na bolsa de valores?

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A bolsa de valores é um espaço onde, diariamente, compradores e vendedores disputam os preços de ativos e derivativos financeiros. Os interesses dos participantes são diversos, desde a busca por lucros rápidos (especulação) até investimentos visando ganhos no longo prazo.

No entanto, existem dias em que a volatilidade está tão elevada que, para manter um ambiente saudável, a bolsa precisa interromper as negociações. Esse mecanismo é o circuit breaker — você já sabe o que é ou ouviu falar a seu respeito?

Para saber mais sobre ele, continue a leitura deste artigo. Descubra o que é o circuit breaker na bolsa de valores, além dos motivos de seu acionamento.

Vamos lá?

O que é circuit breaker?

Criado no final dos anos de 1980, o circuit breaker é um mecanismo de proteção da B3 (a bolsa valores brasileira). Essencialmente, ele é usado em momentos de pânico e euforia que aumentam rapidamente a volatilidade do mercado.

Traduzida, a expressão circuit breaker encontra correspondência ao que chamamos de “disjuntor”. Trata-se de um dispositivo que interrompe a circulação de corrente de um circuito elétrico para protegê-lo. Isso acontece, por exemplo, ao identificar uma sobrecarga de energia.

Logo, o termo é utilizado porque a sua aplicação na bolsa de valores segue o mesmo princípio. Afinal, quando a volatilidade aumenta repentinamente, o circuit breaker é utilizado para interromper todas as negociações por um determinado período.

Assim, os participantes conseguem absorver, reagir e superar uma situação extrema. O seu acionamento protege investidores, empresas, instituições financeiras, fundos de investimentos e outros envolvidos — trazendo mais segurança e transparência para o ambiente de negociações da bolsa.

É importante destacar que esse mecanismo de proteção também existe em outras bolsas de valores ao redor do mundo. No entanto, as regras para o seu acionamento costumam ser diferentes entre os mercados.

Por que o circuit breaker é acionado?

Como você viu, de modo geral, o circuit breaker é acionado para reduzir a volatilidade da bolsa de valores. Isso porque uma queda contínua e agressiva pode causar prejuízos ao mercado como um todo e, como consequência, gerar danos de difícil reparação.

Normalmente, quedas acentuadas são causadas por notícias e eventos que trazem medo e incerteza — como crises financeiras, políticas, guerras, entre outros. Nessas ocasiões, costuma ocorrer o que é chamado de efeito manada.

Ele é caracterizado quando investidores desfazem as suas posições, ao notarem a queda dos preços. Ou seja, eles tomam decisões seguindo o comportamento dos demais, ainda que não haja um direcionamento ou planejamento prévio. E esse movimento tende a potencializar a queda dos preços.

Dessa maneira, ao interromper as negociações, a bolsa de valores fornece tempo para que os operadores possam absorver todas as questões envolvidas. Assim, eles conseguem refletir de modo mais racional e planejar como agir diante desses acontecimentos.

Sem esse mecanismo, o mercado poderia passar por quedas e perdas generalizadas. Na prática, esse cenário é capaz de quebrar a economia de um país e gerar prejuízos para toda a economia mundial — o que poderia levar anos para ser recuperado.

Como o circuit breaker ocorre na bolsa brasileira?

Quando o assunto se restringe ao mercado nacional, as regras do circuit breaker são muito simples. O mecanismo possui níveis distintos de acionamento e tempo de duração. Seu gatilho de acionamento é uma alta variação no Ibovespa (Índice Bovespa) — o principal índice do mercado acionário nacional.

As regras são a seguintes:

Baixa de 10%

O primeiro circuit breaker é acionado quando o Ibovespa apresenta uma queda de 10% sobre o valor do fechamento do dia anterior. O período de duração nessa hipótese é de 30 minutos, sendo interrompidas todas as negociações da B3.

Baixa de 15%

Encerrado o período do primeiro circuit breaker, a bolsa volta a funcionar normalmente. Contudo, se o Ibovespa continuar em queda, haverá um novo circuit breaker ao acumular uma baixa de 15%. Nesse caso, a interrupção vigorará pelo período de uma hora.

Baixa de 20%

Após uma hora da segunda interrupção, as negociações são novamente liberadas. Porém, se mesmo assim o Ibovespa não conseguir conter a queda e ela chegar a 20%, outro circuit breaker é acionado. Nessa hipótese, o prazo de duração é determinado pela B3 — após avaliar a situação específica.

É válido destacar que essas regras não serão aplicadas nos últimos 30 minutos de pregão do dia. Além disso, caso ocorra um circuit breaker na última hora de pregão, na abertura do mercado do dia seguinte poderá ser admitida apenas uma nova paralisação de 30 minutos.

Conhecer essas regras detalhadamente é essencial para quem já opera ou deseja começar a operar no mercado. Afinal, você saberá como reagir nessas ocasiões, inclusive para aproveitar oportunidades que possam surgir.

Quais foram os circuit breakers mais recentes na bolsa brasileira?

Conhecendo agora a teoria por trás do circuit breaker, é possível que você queira conferir alguns exemplos históricos de quando ele aconteceu no mercado nacional. Desde o ano de 1997, quando foi adotado pela bolsa brasileira, o mecanismo já foi acionado 22 vezes.

Veja os 3 casos mais recentes:

  • Crise do subprime — originada nos Estados Unidos em 2008, a crise do subprime trouxe incertezas aos mercados mundiais, especialmente no setor imobiliário. No Brasil, a bolsa de valores teve que interromper as suas negociações por duas vezes;
  • Joesley Day — uma data marcante para a B3 ocorreu em 2017, quando o empresário Joesley Batista vazou um áudio oferecendo propina ao ex-presidente Michel Temer. Em um único dia, a bolsa chegou a cair 10,70%, acionando o circuit breaker;
  • Coronavírus — a crise sanitária de covid-19, iniciada na China (em 2019), chegou ao Brasil no começo de 2020. As fortes quedas do Ibovespa resultaram em 6 circuit breakers, ocorridos em 09, 11, 12 (duas vezes), 16 e 18 de março daquele ano. A crise foi tão intensa que, mesmo assim, o Ibovespa perdeu quase metade de sua pontuação no período.

Após aprender o que é o circuit breaker e quando ele é acionado, fica mais fácil de saber como agir diante de sua ocorrência. No entanto, antes de tomar qualquer decisão no mercado, é válido avaliar o seu perfil de investidor, objetivos e estratégias, de modo a evitar cair no efeito manada.

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