As alternativas de investimentos oferecidos na renda fixa podem se adequar a diferentes estratégias. Afinal, essa classe conta com variados tipos de títulos — cada um com suas próprias características e lógica de funcionamento.
Nesse contexto, um dos principais aspectos que diferenciam as alternativas é o emissor. Existem, por exemplo, títulos emitidos pelo Governo, enquanto outros são negociados por bancos e demais empresas. Logo, você tem à sua disposição tanto títulos públicos quanto privados.
Quer saber quais são os principais exemplos e como escolher entre eles? Neste artigo, você encontrará 10 tipos de títulos brasileiros para conhecer. Boa leitura!
Como funciona a renda fixa?
Para facilitar seu entendimento sobre as alternativas de títulos, é preciso que você tenha uma compreensão prévia acerca do funcionamento da renda fixa. Afinal, os títulos públicos e privados fazem parte dessa classe de investimentos — e, por isso, eles têm características em comum.
Nesse sentido, os títulos de renda fixa são aqueles que apresentam uma regra sobre como se dará a rentabilidade. Portanto, os investidores contam com maior previsibilidade em suas aplicações.
O rendimento é previsível porque os títulos funcionam como um tipo de empréstimo que o investidor faz. Ou seja, ele disponibiliza o seu dinheiro para o emissor do título para, em uma data futura predeterminada, receber o capital aportado com o acréscimo de juros.
A rentabilidade dos títulos pode acontecer de três formas:
- prefixada: os juros da aplicação são apresentados no aporte e permanecem fixos até o vencimento;
- pós-fixada: a rentabilidade é atrelada a uma taxa do mercado, como a taxa básica de juros brasileira (Selic) ou o Certificado de Depósito Interbancário (CDI);
- híbrida: o rendimento combina uma taxa prefixada com uma pós-fixada — que normalmente segue o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA)
Além disso, as aplicações podem ser classificadas como públicas e privadas, de acordo com o seu emissor. Com essa distinção, cada produto apresenta um funcionamento diferente — que deve ser avaliado pelos investidores.
Geralmente, os títulos de renda fixa agradam investidores de perfil conservador, que apresentam menor tolerância a riscos. No entanto, investidores moderados e arrojados também podem utilizar esses investimentos para trazer maior segurança ao portfólio.
O que são títulos públicos e como eles funcionam?
Os títulos públicos são aqueles emitidos pelo Governo. No caso dos títulos públicos federais, a disponibilização deles para os investidores é de responsabilidade do Tesouro Nacional. Esse é o órgão que administra a dívida pública do Brasil.
Com a emissão de títulos, o Governo está em busca de captar recursos para financiar suas atividades — como o desenvolvimento de projetos no país. Além disso, o capital pode servir para a estratégia de política monetária da nação.
A negociação dos títulos públicos acontece por meio da plataforma do Tesouro Direto. Ela foi criada em 2002 com o objetivo de facilitar o investimento e incentivar uma maior participação dos investidores pessoa física no mercado financeiro.
Desse modo, é importante entender que o Tesouro Direto não é uma modalidade de investimento. Ele é apenas a plataforma que investidores utilizam para comprar e vender títulos públicos.
A garantia desses investimentos vem do próprio Governo Federal. Assim, as chances de inadimplência são mínimas. Dessa maneira, os títulos públicos são a alternativa de investimento mais segura do mercado brasileiro.
Outra informação que você deve ter é sobre a incidência do Imposto de Renda (IR) nos lucros das aplicações. A alíquota varia de acordo com o tempo em que o capital ficou aplicado.
Ela acompanha a seguinte tabela:
- 22,5%: até 180 dias;
- 20%: de 181 a 360 dias;
- 17,5%: de 361 a 720 dias;
- 15%: a partir de 721 dias.
O que são e como funcionam os títulos privados?
Além da emissão pelo Governo, a disponibilização de títulos de renda fixa pode acontecer por meio de bancos ou outras empresas. Nesse cenário, eles são conhecidos como títulos privados. Assim, a principal diferença entre aplicações públicas e privadas é o seu emissor.
Em relação ao funcionamento, os títulos dos dois tipos têm diversas características em comum. Por exemplo, a lógica de empréstimo continua a mesma. Ou seja, o intuito da instituição que emite o título é captar recursos para o financiamento de seus projetos.
Ademais, a incidência do IR sobre os lucros segue a mesma tabela regressiva dos títulos públicos. Porém, existem títulos privados isentos da cobrança para pessoas físicas. Isso pode acontecer, principalmente, quando eles estão lastreados em setores-chave, como o agronegócio e o mercado imobiliário.
Quanto à segurança, os títulos privados apresentam riscos um pouco maiores do que as aplicações públicas. Mas determinados investimentos emitidos por bancos contam com a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
O fundo remunera o investidor em caso de calote do emissor do título. A proteção é de até R$ 250 mil, por CPF ou CNPJ e por instituição financeira. Também há um limite global de R$ 1 milhão, renovável a cada quatro anos.
Quais são 10 dos principais tipos de títulos públicos e privados?
Agora que você entendeu como funciona a renda fixa e as características dos títulos públicos e privados, é importante conhecer quais são as principais alternativas disponíveis.
Confira 10 tipos de títulos!
1. Tesouro Selic
No grupo de títulos públicos, uma das principais alternativas é o Tesouro Selic. Ele se destaca por ser o único título do Tesouro Direto com rentabilidade pós-fixada — ou seja, que acompanha uma taxa de mercado.
Como o nome sugere, os rendimentos do Tesouro Selic estão atrelados à taxa Selic. Assim, quando há uma elevação dela por parte do Comitê de Política Monetária (Copom), o mesmo acontece com os ganhos do investidor.
Além disso, o Tesouro Selic tem a vantagem da liquidez diária. Desse modo, é possível resgatar sua aplicação em apenas um dia útil, caso não seja possível esperar até o vencimento. Como a rentabilidade se dá diariamente, de acordo com a taxa Selic, as chances de prejuízos são mínimas.
2. Tesouro Prefixado
Outro título público do Tesouro Direto é o Tesouro Prefixado. Como a nomenclatura adianta, a aplicação conta com rentabilidade prefixada, que é aquela em que os juros da aplicação são fixos e apresentados no aporte.
Então o investidor conta com maior previsibilidade para os seus investimentos. Afinal, ele saberá exatamente qual será o ganho do título quando ele atingir seu prazo de vencimento.
O Tesouro Prefixado também apresenta liquidez diária, mas o título está sujeito à marcação a mercado, apresentando oscilação no preço antes do vencimento. Isso significa que os ganhos combinados só são garantidos no vencimento, e o resgate antecipado tem chances de trazer prejuízos.
3. Tesouro IPCA+
O Tesouro IPCA+ é mais um dos títulos públicos do Tesouro Direto. Ele é uma alternativa com rentabilidade híbrida. Assim, há uma taxa prefixada e outra pós-fixada, que acompanha o IPCA — indicador oficial da inflação no Brasil.
Por conta disso, o título garante que o investidor terá rentabilidade real positiva se levado até o vencimento. Como ele remunera de acordo com o IPCA mais o acréscimo de uma taxa, é possível ter a segurança de que seus ganhos serão acima da inflação nessa condição.
Similar aos demais títulos do Tesouro, também existe a possibilidade de resgatar a aplicação em apenas um dia útil. Entretanto, o Tesouro IPCA+ está sujeito à marcação a mercado e pode trazer perdas em resgates feitos antes do vencimento.
Além disso, vale destacar que tanto o Tesouro IPCA+ quanto o Tesouro Prefixado apresentam dois tipos de títulos. Em um deles a rentabilidade se dá apenas no vencimento, enquanto no outro, os juros são pagos a cada semestre.
4. CDB
Os certificados de depósitos bancários (CDBs) estão entre as principais alternativas de títulos privados. Eles são emitidos por bancos como um instrumento para captar recursos. Logo, a instituição pode usar o dinheiro para ofertar suas linhas de crédito.
Assim como os títulos públicos e as demais aplicações de renda fixa, há CDBs prefixados, pós-fixados ou híbridos. Mas, diferentemente dos títulos emitidos pelo Governo Federal, eles podem ter diferentes emissores.
Cada banco costuma estipular as próprias regras quanto à remuneração e à liquidez dos títulos. Por isso, é interessante analisar e comparar essas características. Em relação à segurança, os CDBs contam com a cobertura do FGC.
5. LCI
As letras de crédito imobiliário (LCI) são outros títulos privados emitidos por bancos — mas a captação de recursos por meio desses produtos tem lastro apenas no setor de imóveis. Assim, a instituição deve usar o dinheiro para financiar essa área da economia.
Os investidores de LCI também contam com a cobertura do FGC. Além disso, a aplicação apresenta o diferencial de isenção do Imposto de Renda sobre os lucros para pessoa física. O objetivo é que esse aspecto sirva como atrativo para novos investidores.
6. LCA
As letras de crédito do agronegócio (LCAs) têm funcionamento similar às LCIs. O único ponto que difere ambas é o setor ao qual elas estão lastreadas. No caso das LCAs, o intuito é captar recursos para linhas de crédito na agricultura e pecuária do Brasil.
7. CRI
Mais uma alternativa com lastro no mercado de imóveis são os certificados de recebíveis imobiliários (CRIs). No entanto, esses títulos são emitidos por empresas securitizadoras, em vez de bancos.
De forma mais comum, a emissão deles acontece a partir da antecipação de recebíveis de companhias do mercado imobiliário. Ou seja, elas adiantam um capital que receberiam no futuro e a securitizadora é responsável por transformá-los em títulos ao mercado.
Como acontece com as LCIs, os CRIs são isentos de Imposto de Renda. No entanto, eles não contam com a proteção do FGC. Desse modo, as alternativas apresentam mais riscos ao investidor — em contrapartida, seu potencial de rentabilidade tende a ser maior.
Ainda, é comum que os certificados demandem um aporte inicial mais alto e tenham prazos mais longos. Portanto, é importante avaliar as condições dos títulos para saber se eles se adéquam aos seus objetivos.
8. CRA
De maneira parecida à relação entre LCA e LCI, é possível traçar um paralelo entre os CRIs e os certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs). Afinal, eles também são títulos de crédito privado emitidos por securitizadoras.
Assim como os CRIs, a disponibilização dos CRAs se dá a partir do processo de antecipação de recebíveis. A principal diferença entre os dois está no fato de os CRAs apresentarem lastro no agronegócio brasileiro.
9. LC
As letras de câmbio (LCAs) são títulos privados emitidos por instituições financeiras, como sociedades de crédito, investimento e financiamento. O seu objetivo é similar às demais alternativas dessa modalidade: funcionar como um instrumento de captação de recursos.
Uma das vantagens delas está na possibilidade de encontrar rentabilidades mais atrativas. Afinal, é possível que a instituição emissora ofereça melhores taxas para atrair novos investidores. Ao mesmo tempo, as LCs costumam apresentar mais riscos do que outros títulos privados.
Quanto à tributação, existe a incidência do IR sobre os lucros da aplicação. As alíquotas seguem a tabela regressiva da renda fixa, que você já conheceu. Em relação à segurança, as LCs contam com a garantia do FGC.
10. Debêntures
Além de emitir ações — que são um investimento de renda variável —, as empresas podem disponibilizar títulos de renda fixa ao mercado. Uma das possibilidades são as debêntures. Essas aplicações consistem em títulos de crédito privado.
Como ponto positivo, é possível destacar os juros oferecidos na aplicação, que podem ser mais altos do que em outros produtos da renda fixa — por conta dos riscos maiores. Em alguns casos, as empresas apresentam tipos diferentes de garantias aos investidores.
Além disso, empresas de setores relevantes para a economia nacional podem emitir debêntures incentivadas. Nesse caso, existe a isenção do IR para pessoa física sobre os lucros.
Como escolher entre títulos públicos e privados?
Com tantas alternativas de títulos de renda fixa disponíveis, é preciso saber como escolher entre eles. Para tanto, o primeiro passo é identificar o seu perfil de investidor e verificar sua tolerância a riscos.
Embora a renda fixa costume ser adequada para conservadores, existem alternativas com mais riscos. Logo, com base no seu perfil, você pode avaliar se elas são vantajosas para a sua estratégia.
Outra etapa da sua escolha é a consideração dos seus objetivos e prazos. Como vimos, muitos dos títulos apresentam garantias de rentabilidade apenas no vencimento. Então é preciso conhecer os prazos das suas metas para escolher os melhores investimentos.
Por fim, não deixe de conhecer a reputação do emissor. Apesar de muitos títulos contarem com a cobertura do FGC, é válido entender os números da instituição para encontrar alternativas que tragam maior segurança.
Como você viu, existem diversos tipos de títulos públicos e privados na renda fixa. Assim, conhecer 10 dos principais pode ajudar a encontrar aqueles que mais se adéquam à sua carteira de investimentos.
Você acredita que o investimento em aplicações da renda fixa é interessante para suas estratégias? Deixe um comentário com a sua opinião!