A busca por formas de proteger o patrimônio contra oscilações da economia nacional leva muitos brasileiros a considerar o investimento em dólar. Essa prática consiste em alocar parte da carteira em ativos atrelados à moeda norte-americana, reconhecida como referência global.
A estratégia ajuda a diversificar riscos e ampliar oportunidades, mas pode ser aplicada de maneiras distintas. Cada alternativa traz benefícios e pontos de atenção — e saber como elas funcionam ajuda você a escolher as mais adequadas para seu portfólio.
Neste artigo, você conhecerá diferentes meios de se expor ao dólar para tomar decisões mais conscientes e alinhadas ao seu perfil de investidor. Acompanhe!
Por que investir em dólar?
Por mais promissor que o Brasil seja em alguns setores, o país carrega riscos específicos, como volatilidade política, fiscal e cambial. Ao incluir ativos expostos ao dólar no portfólio, o investidor consegue reduzir o risco Brasil e acessar mercados mais maduros, como o dos Estados Unidos.
De acordo com dados da consultoria Elos Ayta, em 2024, o real teve uma desvalorização acumulada de mais de 21,82% frente ao dólar. O movimento reforçou a importância da diversificação cambial para proteger o poder de compra e preservar o patrimônio.
Além disso, empresas globais líderes de mercado — como Apple, Microsoft e Tesla — não têm ações listadas na bolsa brasileira. Para participar de seus resultados, é necessário recorrer a instrumentos que ofereçam acesso internacional.
Como investir em dólar?
Entre as principais opções para se expor ao dólar, estão os ETFs listados na B3 (a bolsa de valores brasileira), os BDRs e o investimento direto no exterior. Cada alternativa apresenta características próprias quanto a custos, tributação, burocracia e liquidez.
Veja mais detalhes sobre cada alternativa!
Exchange Traded Funds (ETFs)
Os ETFs são fundos de investimento negociados em bolsa. No Brasil, eles são conhecidos como fundos de índice, por replicarem a composição de um índice do mercado financeiro.
Por essa característica, alguns deles permitem investir em carteiras diversificadas de ativos atrelados ao dólar, como ações de empresas americanas, ao acompanhar índices estrangeiros.
Entre suas principais vantagens, estão:
- custo reduzido: taxas de administração geralmente inferiores às de fundos tradicionais;
- liquidez: negociação simples pela B3, em reais, sem necessidade de conta internacional;
- possibilidade de diversificação imediata: muitos ETFs oferecem exposição a dezenas ou centenas de ativos em uma única operação;
- acessibilidade: é possível começar com quantias reduzidas.
Segundo a B3, entre janeiro e março de 2025, os ETFs internacionais cresceram 118% em volume negociado, refletindo o maior interesse dos brasileiros por esse tipo de investimento internacional. Contudo, esse ativo também possui algumas limitações.
Observe:
- tributação: ganhos de capital são tributados em 15% a 25%, sem isenção para vendas abaixo de R$ 20 mil, como ocorre com as ações;
- menor personalização: o investidor acompanha a carteira do índice replicado, sem liberdade para escolher empresas específicas;
- exposição indireta ao câmbio: a oscilação do real frente ao dólar impacta o resultado. Entretanto, ele depende da performance dos ativos subjacentes.
BDRs (Brazilian Depositary Receipts)
Os BDRs são certificados emitidos no Brasil atrelados a investimentos estrangeiros, como títulos de renda fixa e ações de empresas. Eles permitem acompanhar os resultados de ativos como os papéis de Amazon, Google e Netflix diretamente na bolsa brasileira.
Em 2022, os BDRs ultrapassaram a marca de 1 milhão de investidores como pessoas físicas. Seus principais benefícios incluem:
- facilidade operacional: negociados em reais, na B3, sem abertura de conta no exterior;
- acesso a grandes empresas globais: viabiliza participação em companhias sem listagem local;
- proteção cambial indireta: valorização do dólar tende a beneficiar os BDRs.
Porém, da mesma forma que os ETFs, esse ativo traz algumas limitações, como:
- custos de corretagem e spread: podem variar conforme a instituição;
- tributação semelhante às ações nacionais: alíquota de 15% sobre ganho de capital em operações comuns e 20% no day trade, mas sem isenção para vendas inferiores a R$ 20 mil;
- liquidez variável: alguns BDRs têm menor volume de negociação, o que pode dificultar a saída em momentos de volatilidade.
Investimento direto no exterior
O investimento direto ocorre quando o investidor abre uma conta internacional para comprar ativos listados em bolsas estrangeiras. Essa modalidade oferece maior liberdade de escolha e exposição completa ao dólar.
Entre suas vantagens, estão:
- ampla gama de ativos: acesso a ações, ETFs, REITs (empresas norte-americanas ligados ao mercado imobiliário) e títulos de dívida internacionais;
- exposição cambial integral: ganhos e perdas acompanham diretamente a variação do dólar;
- personalização da carteira: liberdade para montar portfólios mais customizados conforme objetivos específicos.
Por outro lado, assim como as alternativas anteriores, o investimento direto possui certas desvantagens. Elas incluem fatores como:
- burocracia inicial: alguns investidores entendem que abrir conta no exterior e enviar recursos exige mais tempo e documentação. Contudo, há instituições brasileiras que oferecem conta global com abertura simplificada, como a XP Investimentos;
- tributação complexa: a declaração no IR (Imposto de Renda) requer atenção, com regras próprias para ganho de capital e rendimentos recebidos no exterior;
- custos de transferência: tarifas bancárias e IOF de 3,5% na remessa internacional.
Qual é a melhor opção de investimento em dólar?
Não existe resposta única a essa pergunta. O ideal é alinhar o tipo de investimento em dólar ao perfil do investidor e aos seus objetivos. Por exemplo, quem busca praticidade e baixo custo tende a se beneficiar dos ETFs.
Já quem deseja investir em empresas globais específicas tem a chance de se expor a elas via BDRs, se houver certificado emitido no Brasil. Por outro lado, aqueles que procuram autonomia total e uma exposição cambial direta podem preferir o investimento direto no exterior.
Em todos os casos, é essencial fazer análises aprofundadas, acompanhar o mercado e estudar as normas tributárias. O importante é compreender que essas alternativas não competem entre si, mas podem se complementar em uma estratégia de diversificação.
Você viu que o investimento em dólar é um modo de proteger o patrimônio e ampliar horizontes, reduzindo a exposição exclusiva ao mercado brasileiro. A escolha entre as alternativas disponíveis depende do seu perfil e objetivos, porém, com as informações corretas, é possível criar uma carteira eficiente.
Quer entender melhor qual dessas opções se encaixa mais adequadamente no seu perfil? Entre em contato com nossos assessores!


