Skin in the game: entenda o conceito de arriscar a própria pele ao investir!

As decisões de investimento exigem considerações que vão além do potencial de rentabilidade. Elas também devem considerar os riscos e a confiança. Para usar esses fatores na sua escolha, você pode adotar a estratégia skin in the game.

A proposta se aplica a ativos de diversas classes e com propostas distintas. Porém, é preciso entender primeiramente o que ela representa e como ela se encaixa em sua realidade.

A seguir, veja o que quer dizer colocar a própria pele em risco e como isso se relaciona à sua carteira de investimentos!

O que significa skin in the game?

A tradução de skin in the game pode ser apresentada, de modo literal e livre, como ter a pele em jogo. Ao buscar algo mais familiar para a cultura brasileira, define-se o conceito como arriscar a própria pele.

Assim, a expressão “skin in the game” se refere a se colocar em risco. Em um ditado brasileiro, seria “dar a cara à tapa”. O termo está ligado à confiabilidade e à sensação de segurança que uma pessoa ou situação pode transmitir.

Como surgiu a expressão?

A expressão tem sido cada vez mais utilizada e a sua popularidade se deve a Nassim Taleb. Estatístico, matemático e analista de riscos, Taleb também é um autor que é conhecido por trazer ideias inovadoras e perspectivas diferentes sobre riscos e incertezas.

Depois de escrever “Antifrágil”, um de seus maiores sucessos, assinou o livro “Arriscando a Própria Pele” ou “Skin in the Game”, em inglês. Sua abordagem direta e inovadora foi uma das grandes responsáveis pela propagação do termo.

Como essa expressão se aplica aos investimentos?

Para realmente entender como funciona a expressão skin in the game, imagine que você pretende fazer uma viagem e precisa escolher um hotel. Apesar de nunca ter ficado em determinada rede hoteleira, está considerando fazer sua reserva.

Porém, pouco antes de confirmar a hospedagem, você descobre que o dono da rede hoteleira, na verdade, fica hospedado em outros lugares, mesmo tendo uma estrutura inteira à disposição.

Embora haja muitas explicações plausíveis para o comportamento, é inegável que ele causa desconfiança. Afinal, se o dono e maior interessado não consome o próprio serviço, por que você deveria?

Isso também acontece no mundo dos investimentos. Quando você decide  alocar recursos, precisa considerar os riscos ao investir. Entre os diversos indícios, ver líderes de empresas ou gestores de fundos “arriscando a própria pele” pode ser um sinal maior de confiança.

Pense em quem decide investir em ações na bolsa de valores. Se os próprios diretores e conselheiros não compram os ativos da companhia, é natural surgir um sinal de alerta.

Afinal, eles estão envolvidos no sucesso do negócio. Se preferem investir em outras empresas, pode ser que haja um motivo grave. Então, a alternativa passa a ser vista como mais arriscada.

Por outro lado, uma empresa em que mesmo os funcionários de outras hierarquias investem nas ações pode trazer mais segurança quanto ao risco financeiro. Portanto, o conceito está ligado à confiança que se pode transmitir ao alinhar discurso e prática.

Vale destacar que o conceito não se refere apenas à decisão ou não de investir em empresas que contam com a confiança de funcionários e diretores. Skin in the game está relacionado em toda e qualquer decisão de investimento do investidor – especialmente na renda variável.

Qual é o perfil do investidor que adota esse conceito?

Considerando que a expressão skin in the game pode fazer parte da realidade dos investidores, convém entender a qual perfil ela pode atender. Para tanto, é preciso fazer uma análise.

Em termos de tolerância ao risco, um investidor conservador é aquele que prioriza a segurança. Portanto, faz sentido que ele queira buscar mais indícios positivos sobre um investimento antes de efetuá-lo. Aplicar o skin in the game pode ser adequado nessa situação.

No entanto, ele não se limita ao perfil em questão. Um investidor moderado pode correr um pouco mais de riscos, desde que leve a um aumento de retorno. A avaliação sobre quem coloca a pele em jogo pode dar embasamento para selecionar a alternativa que ofereça equilíbrio.

Além disso, um investidor arrojado também se beneficia do conceito — especialmente considerando que se expõe mais ao risco. Ele tem a maior tolerância e costuma priorizar investimentos de renda variável. Logo, fazer o manejo de risco e procurar mais confiança é essencial.

Na prática, qualquer tipo de investidor pode adotar a abordagem trazida pelo skin in the game, já que a expressão pode ajudar na conquista de resultados melhores.

Como adotar o skin in the game em sua estratégia de investimentos?

Para explorar o conceito em termos financeiros, é necessário saber como aplicá-lo ao ambiente dos investimentos. Especialmente se o foco for investir em renda variável, você precisará de estratégia para tomar uma decisão embasada.

Primeiramente, é necessário avaliar seu perfil de investidor para ter a certeza de que ele é condizente com a renda variável. Lembre-se de que há ativos com maior ou menor volatilidade, então isso deve ser considerado.

Também é importante definir seus objetivos financeiros, como o nível de patrimônio que deseja acumular e em quanto tempo. A partir disso, é hora de colocar o termo skin in the game em prática. Se for investir em ações, veja se a alta diretoria e outros funcionários possuem papéis da empresa.

Lembre-se, ainda, de praticar você mesmo o conceito. É preciso se comprometer com seus investimentos e objetivos, tendo consciência em relação aos riscos que corre. Demonstrar confiança é outra parte importante, já que não é possível se ver totalmente livre do risco.

Por fim, não se esqueça da relevância da diversificação. Não é porque um investimento tem pessoas que colocam a própria pele em jogo que você deve compor sua carteira apenas com ele. A exposição variada favorece seu portfólio ao combinar manejo de risco e busca por rentabilidade.

Como vimos, o conceito de skin in the game ou de colocar a própria pele em jogo poderá ajudá-lo na hora de tomar decisões sobre os investimentos. Na prática, adotar essa proposta pode ser útil para investir com mais confiabilidade.

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André Barbirato

Formado em marketing, encontrou no mercado financeiro sua verdadeira vocação. Possui certificação ANCORD e mais de 10 anos de experiência no mercado de capitais. Atualmente é head de sales B2B e B2C em renda variável em um banco de investimentos. É também o criador do blog Eu Posso Investir!?

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