O que é come cotas e como funciona esse imposto?

Escolher um investimento depende de uma análise criteriosa de diversos fatores, sendo a tributação um deles. Afinal, cada alternativa pode contar com a incidência de um ou mais impostos — e essa cobrança é capaz de diminuir o resultado esperado.

Nesse contexto, é importante saber o que é come cotas e como ele funciona. Afinal, esse entendimento é fundamental para quem pretende recorrer aos fundos de investimento, embora nem todos contem com essa cobrança.

Neste conteúdo, você aprenderá o que é o come cotas, como se dá o seu funcionamento e em quais tipos de fundo ele é cobrado.

Aproveite!

O que é o come cotas?

Come cotas é o nome popular dado à antecipação no recolhimento do Imposto de Renda (IR) em fundos de investimento. Ele leva esse nome porque é cobrado automaticamente a cada semestre, sendo que o valor é descontado das cotas que o investidor possui.

A alíquota aplicável dependerá da classificação do fundo — de longo ou curto prazo. Contudo, como você viu, a sua incidência é automática e você não precisará fazer cálculos ou preencher guias por conta própria. Ainda assim, é importante saber como funciona esse processo.

Como funciona esse imposto?

Agora que você entendeu o conceito por trás do come cotas, é válido aprender como funciona essa modalidade de tributação.

O IR é um tributo que recai sobre diversos ganhos financeiros. Nos investimentos, a sua incidência pode se dar de diferentes formas. Geralmente, ele é cobrado no momento de resgate ou se houver ganho de capital após vender o ativo.

Porém, em alguns fundos de investimento, a cobrança do IR ocorre periodicamente com base na duração do aporte, dando origem ao come cotas. Nesses casos, é observada uma tabela regressiva. Assim, quanto maior for o prazo do aporte, menor será a alíquota cobrada.

Para compreender como isso funciona, é válido conhecer as faixas do IR nos fundos de curto e longo prazo. Nos fundos de curto prazo, funciona assim:

  • até 180 dias: 22,5%;
  • acima de 180 dias: 20%;

Já nos fundos de longo prazo, as regras são as seguintes:

  • até 180 dias: 22,5%;
  • de 180 a 360 dias: 20%;
  • de 361 a 720 dias: 17,5%;
  • acima de 721 dias: 15%.

Como calcular o valor do come cotas?

Considerando que o come cotas é um adiantamento do recolhimento de IR, ele terá como base a menor alíquota aplicável. Isso porque o Fisco não sabe o prazo que o investidor manterá o investimento.

Para fundos de curto prazo, a alíquota será de 20%. Já para fundos de longo prazo a cobrança é de 15%. Ela acontece semestralmente, incidindo sobre os rendimentos obtidos pelo fundo nesse período.

Isso significa que o imposto não recairá sobre o valor principal investido, mas somente sobre os rendimentos que ele proporcionou. Além disso, não haverá cobrança se o fundo não apresentar resultados positivos no período.

Ademais, o desconto é feito nos últimos dias úteis de maio e novembro, sendo que o abatimento do valor do imposto ocorre sobre a quantidade de cotas que o investidor possui. No momento do resgate do investimento, há o cálculo do IR com base no seu prazo, deduzindo-se as quantias adiantadas.

Para contextualizar a questão, imagine que você invista R$ 20 mil em um fundo de longo prazo. Tenha em mente que esse montante foi suficiente para comprar 1 mil cotas, o que significa que cada uma custou R$ 20. Agora, suponha que, em 6 meses, essas cotas valorizaram para R$ 24 cada.

Nesse caso, o saldo do investimento estará em R$ 24 mil e haverá a incidência do come cotas sobre os R$ 4 mil de lucro obtido. Por se tratar de um fundo de longo prazo, a alíquota será de 15% ou R$ 600, considerando o ganho observado.

Como o preço da cota está em R$ 24, o come cotas retirará 25 cotas do total que você possui. Ou seja, após esse adiantamento do IR, você terá 975 cotas e um saldo final de R$ 23.400.

Quais fundos têm incidência de come cotas?

Após aprender como o come cotas funciona e como calculá-lo, vale conhecer os fundos de investimento que contam com essa cobrança. Entre os fundos que estão sujeitos a esse mecanismo de tributação, estão:

  • fundos de renda fixa;
  • fundos multimercado;
  • fundos cambiais;
  • fundos DI.

Ao mesmo tempo, existem diversos veículos financeiros que não contam com a cobrança de come cotas. Veja quais são:

  • fundo de ações;
  • fundo de Previdência Privada;
  • fundo imobiliário (FII);
  • fundo de índice (ETF).

Como evitar o come cotas ao investir?

Ao chegar até aqui, você pode querer saber como evitar o come cotas ao investir. Como a cobrança do IR é compulsória para os fundos com esse mecanismo, a alternativa para evitar a incidência dessa cobrança é optar por fundos livres de come cotas.

Contudo, o fato de esses fundos não contarem com o come cotas não significa que você não terá que recolher IR. Na verdade, a incidência de IR é comum para a grande maioria dos investimentos — podendo variar a alíquota e a forma de recolhê-lo.

Uma das exceções é o investimento direto em ações — e não por meio de fundos. Com a compra direta de ações, há isenção de IR para o ganho de capital caso o volume total de vendas no mês seja menor que R$ 20 mil em operações comuns (que duram mais de um dia).

No entanto, isso também não significa que esse tipo de ativo é melhor ou pior que os fundos de investimentos. Como você aprendeu no início, a escolha de uma alternativa demanda a análise de uma série de fatores.

Entre os critérios para considerar, estão:

  • perfil de investidor;
  • objetivos financeiros;
  • tributos aplicáveis;
  • estratégias usadas;
  • e muito mais.

Isto é, o investimento não deixa de ser vantajoso apenas pela incidência do adiantamento do IR. Por exemplo, a poupança é isenta de IR e muitas vezes os seus rendimentos ficam abaixo da inflação e de outras aplicações de renda fixa que contam com esse imposto.

Portanto, é válido avaliar a incidência ou não do come cotas ao escolher um investimento, mas esse não deve ser o único fator considerado. Afinal, há outros quesitos que podem fazer a alternativa ser vantajosa.

Conclusão

Agora que você conhece o que é come cotas, será possível usar esse conhecimento para aprimorar as suas escolhas no mercado financeiro. Entretanto, não deixe de observar outras questões, especialmente o seu perfil de investidor, objetivos e estratégias.

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André Barbirato

Formado em marketing, encontrou no mercado financeiro sua verdadeira vocação. Possui certificação ANCORD e mais de 10 anos de experiência no mercado de capitais. Atualmente é head de sales B2B e B2C em renda variável em um banco de investimentos. É também o criador do blog Eu Posso Investir!?

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