Títulos verdes: o que são e como funcionam?

A preocupação com a sustentabilidade tem crescido cada vez mais em todos os âmbitos da sociedade, inclusive no mercado financeiro. Por isso, diferentes empresas têm desenvolvido projetos sustentáveis a partir de recursos captados com a emissão de títulos verdes.

Dessa forma, esses títulos funcionam como um instrumento fundamental para estimular um desenvolvimento que combata os impactos negativos causados pela humanidade ao meio ambiente. Isso ocorre porque eles ajudam a direcionar capital para projetos ambientais.

Se você quer entender melhor como o mercado de capitais pode atuar para financiar empreendimentos socioambientais, continue a leitura. Neste artigo, você aprenderá o que são os títulos verdes, como eles funcionam e o que considerar na hora de investir nessas alternativas.

Acompanhe!

O que são títulos verdes?

Os títulos verdes, também chamados de green bonds, são investimentos de renda fixa que têm como objetivo captar recursos para realizar projetos relacionados ao meio ambiente. Dessa forma, esse são investimentos focados em sustentabilidade.

É importante compreender que os títulos verdes estão presentes em diferentes mercados do mundo. No Brasil, por exemplo, existem alternativas que atendem esses critérios, permitindo que você se exponha às condições de um investimento sustentável.

Além disso, o mercado internacional também apresenta uma variedade ampla desse tipo de aplicação. Nos Estados Unidos, por exemplo, é possível encontrar diferentes alternativas de títulos sustentáveis que podem compor a carteira dos investidores.

Como eles funcionam?

Agora que você entende o que são os títulos verdes, é necessário analisar como eles funcionam. Em relação à rentabilidade dessas aplicações, elas seguem as regras da renda fixa. Portanto, no caso do Brasil, é possível encontrar um retorno:

  • prefixado: apresenta rentabilidade ligada a uma taxa fixa, conhecida na hora do investimento. Por exemplo, 10% ao ano;
  • pós-fixado: tem o desempenho atrelado a um indicador financeiro, como o Certificado de Depósito Interbancário (CDI), ou a taxa Selic. Nesse caso, não é possível saber a rentabilidade final do investimento, apenas o índice que será utilizado no cálculo do retorno;
  • híbrido: mescla duas modalidades anteriores. Os títulos híbridos são formados por uma taxa fixa acrescida da variação de um indicador. É comum que seja utilizado o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Além da rentabilidade, é válido compreender como funciona a segurança desse tipo de investimento. Nesse ponto, os títulos verdes tendem a apresentar riscos menores do que os investimentos de renda variável.

Contudo, o nível de risco depende de aspectos como:

  • tipo de investimento;
  • mercado de operação;
  • qualidade do emissor do título.

Além disso, cada título verde pode focar em pontos específicos do meio ambiente. Os chamados climate bonds, por exemplo, são títulos voltados exclusivamente a projetos que visam reduzir o impacto das mudanças climáticas globais.

Outro aspecto relevante do funcionamento é que cada título pode ter um prazo diferente, que varia de acordo com a escolha do emissor. Assim, é possível encontrar aplicações com diferentes condições para sua carteira de investimentos.

Quais são as principais características dos títulos verdes?

Depois de analisar o que são os títulos verdes e como eles funcionam, é importante conhecer as principais características dessa aplicação. Como vimos, há especificidades na utilização dos recursos, que devem ser voltados a projetos que ampliem o nível de sustentabilidade da empresa.

Dessa forma, o valor captado dos investidores pode ser aplicado em projetos de energia limpa, por exemplo. Uma empresa que deseja adotar energia solar ou eólica em grande escala, portanto, pode emitir green bonds para formar o montante necessário e realizar a instalação.

Mais possibilidades estão na reciclagem de materiais, tratamento e destinação adequada de recursos, redução de desperdícios, entre outros projetos. Ademais, o dinheiro pode ser utilizado para adquirir ferramentas tecnológicas ou desenvolver projetos específicos.

Como os títulos verdes são de renda fixa, uma característica central deles é a maior segurança. Isso porque eles apresentam maior previsibilidade. Ainda, existem aplicações que contam com proteção adicional, como a cobertura pelo Fundo Garantidor de Créditos (FGC).

Ademais, existem títulos verdes que fazem parte do chamado crédito privado. Nesses casos, não há proteção do FGC, aumentando os riscos. Porém, essa característica costuma ser acompanhada por um maior potencial de retorno.

Qual a diferença dos títulos verdes para os demais títulos?

Como foi possível notar até aqui, os títulos verdes apresentam particularidades. A principal é que eles são focados em questões ambientais e promovem a sustentabilidade empresarial. Logo, essa é a diferença central deles em relação a outras aplicações financeiras.

Os demais títulos de renda fixa podem ser utilizados para diversas finalidades. Logo, elas não precisam estar atreladas a um aspecto ambiental ou sustentável. Por isso, ainda que todo título verde seja de renda fixa, nem toda alternativa de renda fixa é um título verde.

Além disso, para que determinado título seja considerado verde, é preciso que ele cumpra regras específicas. Para tanto, as alternativas são avaliadas por instituições, que definem se o objetivo do uso dos recursos de fato atende aos critérios de sustentabilidade exigidos.

Os demais títulos, por outro lado, só precisam atender às normas gerais do mercado de capitais. Com isso, não existe essa mesma análise, já que não há a necessidade de que o recurso seja utilizado para projetos ligados ao meio ambiente.

Diante das diferenças, o investimento em títulos verdes deixa de ser apenas uma maneira de acumular capital ou diversificar a carteira. Quem opta por esse tipo de alocação, busca fazer isso também como um propósito. Além de obter rentabilidade, você apoia uma causa relevante para a sociedade.

Como é a presença desses títulos no Brasil e no mundo?

Ao entender os aspectos operacionais e conceituais dos títulos verdes, é preciso compreender de que maneira essa alternativa de investimento se insere na realidade econômica global. Ela foi criada devido à necessidade de frear os danos causados ao planeta pela humanidade.

Assim, os green bonds derivam de programas de proteção ambiental, como o protocolo de Kyoto, de 1997. Foi nessa época, por exemplo, surgiram os créditos de carbono. Assim, países que lançavam muito gás carbônico na atmosfera passaram a ter a oportunidade de adquirir esses papéis de outros que poluíam pouco — como forma de recompensar o prejuízo que causavam.

No mesmo caminho, em 2008, o Banco Mundial emitiu o primeiro título verde do mundo, dando origem ao processo de desenvolvimento sustentável no mercado financeiro. Esse ponto de partida serviu para reunir a rentabilidade com a sustentabilidade.

Desde então, é possível verificar um aumento significativo na emissão de títulos sustentáveis. Os dados variam de acordo com o contexto e condições de cada região do globo.

Para compreender melhor, acompanhe a seguir a presença dos títulos verdes no mundo e no Brasil:

No mundo

A América do Norte e a Ásia têm destaque na emissão de títulos sustentáveis. Em 2018, por exemplo, a América do Norte reunia mais de 2300 títulos climáticos (climate bonds) e mais de 1900 títulos verdes (green bonds). Já a Ásia, no mesmo ano, apresentava mais de 1500 títulos climáticos e mais de 250 títulos verdes.

Outro continente que chama atenção é a Europa. Em 2018, ela apresentava 1418 títulos ligados ao clima e 397 caracterizados como verdes. Em relação à América Latina, nesse mesmo ano a região contava com a emissão de quase 180 títulos verdes e climáticos.

No Brasil

No Brasil, a emissão de títulos voltados a projetos de sustentabilidade é mais recente em comparação aos primeiros papéis emitidos no mundo. Os primeiros títulos verdes brasileiros foram emitidos pela BRF Foods em 2015.

Posteriormente, o exemplo foi seguido pela Suzano, AES Brasil, entre outras companhias. Essas iniciativas fizeram com que o Brasil aumentasse o volume de emissão de títulos verdes, tendência que ainda pode ser percebida.

Além disso, em 2017 o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) emitiu seus primeiros títulos verdes — com vencimento para 2024. Todos esses acontecimentos são demonstrações de alinhamento com os acordos de foco ambiental firmados entre diversos países.

Assim, esses são esforços para conter os impactos negativos causados pelo atual modelo de desenvolvimento econômico. Considerando que essa é uma necessidade urgente, a tendência é que os movimentos continuem crescendo em todo o mundo.

Quais títulos estão disponíveis no mercado?

Até aqui, você compreendeu as principais características dos títulos verdes, bem como seu histórico no mercado financeiro mundial e nacional. Agora, vale a pena conferir quais títulos estão disponíveis para os investidores.

Confira algumas das possibilidades!

CRA

O CRA (certificado de recebíveis do agronegócio) é um título de crédito privado que tem vínculo com o agronegócio. Ele é utilizado como lastro para que empresas rurais, cooperativas e produtores troquem seus recebíveis futuros por dinheiro à vista.

CRI

Os CRI (certificado de recebíveis imobiliários) apresentam um funcionamento semelhante ao CRA. Contudo, esse tipo de título é atrelado ao mercado imobiliário. Geralmente, os CRIs são provenientes de negócios com construtoras e imobiliárias que precisam levantar capital com celeridade.

Debêntures

As debêntures também são títulos de crédito privado. Elas são emitidas por empresas que procuram a capacitação de recursos para seus caixas. Vale destacar que critérios como valor, prazo e juros que serão pagos são definidos pela companhia emissora.

FIDC

Por fim, o fundo de investimento em direitos creditórios (FIDC) é uma modalidade de investimento coletivo. A partir da gestão de um profissional, os recursos adquiridos são destinados, em sua maioria, para aplicações de direitos creditórios. Na prática, é possível encontrar FIDCs que investem em títulos verdes.

Quais as vantagens dos títulos verdes?

Além de compreender os títulos disponíveis no mercado, vale a pena perceber quais são suas vantagens. Afinal, esse é um aspecto central a ser considerado na hora de definir se esse tipo de alternativa é vantajoso ou não para você.

Confira as informações a seguir:

Ter relevância mundial

Uma das principais vantagens de investir em títulos verdes é que essa categoria de investimento apresenta relevância mundial. Uma vez que práticas sustentáveis têm sido necessárias na atual conjuntura global, é esperado que essas aplicações ganhem cada vez mais destaque.

Apresentar segurança

Outro aspecto positivo é que, por serem alternativas de renda fixa, os green bonds apresentam uma segurança maior do que investimentos de alta volatilidade. Essa é uma característica central, principalmente para quem apresenta um perfil de investidor conservador.

Ter opções com incentivos fiscais

Vale a pena notar que algumas opções desses títulos contam com incentivos fiscais. É o caso, por exemplo, das debêntures incentivadas, que são isentas de Imposto de Renda (IR). Assim, é possível ter uma performance mais atraente em relação aos retornos.

Investir com propósito

Por fim, os títulos verdes não servem apenas como meios para alcançar objetivos financeiros. Eles também são parte de um propósito. Afinal, optar por aplicações sustentáveis é uma forma de contribuir com a reversão dos impactos negativos ao meio ambiente.

Como investir nesses títulos?

Se, depois de analisar as principais informações sobre os títulos verdes, você ficou interessado em investir nessa alternativa, é preciso saber como fazer esse investimento.

Confira o que fazer!

Identificar seu perfil de investidor

Para investir de maneira adequada, o primeiro passo é identificar seu perfil de investidor. Então você deve realizar um teste de suitability em seu banco de investimentos.

A partir dele, será possível perceber se você apresenta um perfil:

  • conservador: prioriza investimentos seguros, ainda que abra mão de rentabilidades mais atrativas;
  • arrojado: opta por investimentos com maior potencial de ganhos, estando disposto a correr maiores riscos;
  • moderado: sendo um meio termo entre os anteriores, procura alternativas com rentabilidades atraentes, mas ainda busca alocar parte de seu capital em opções de maior segurança.

Estipular seus objetivos financeiros

Após entender sua tolerância aos riscos, é preciso estipular de forma clara seus objetivos. Para isso, organize metas a serem alcançadas em curto, longo e médio prazo. Assim você saberá qual tipo de investimento é mais adequado para suas necessidades.

Conhecer as oportunidades adequadas para você

Por fim, ao identificar suas condições e necessidades, será hora de analisar as oportunidades de investimento em títulos verdes disponíveis. Portanto, estude o mercado e avalie as alternativas. Contar com profissionais especializados pode ajudar nessa tarefa.

Conseguiu compreender o que são os títulos verdes? Por estarem atrelados a projetos de sustentabilidade, eles podem ser interessantes para diversificar a carteira. Entretanto, é necessário estudá-los com atenção para tomar decisões mais adequadas ao realizar suas alocações.

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