Como investir na bolsa de valores: um guia completo para iniciantes

Ao longo dos anos, o número de investidores na bolsa de valores brasileira tem crescido. Em janeiro de 2022, por exemplo, a bolsa registrou mais de 5 milhões de investidores, indicando um aumento do interesse no mercado.

Se você estiver pensando em investir na bolsa de valores, é importante saber como os iniciantes devem se preparar para entrar nesse mercado. Afinal, conhecer as características dele permite que você decida se vale a pena fazer os investimentos e quais são os pontos de atenção.

Quer otimizar seu processo de tomada de decisão? Neste artigo, você saberá como investir na bolsa e quais são os principais aspectos relevantes para analisar os investidores sendo iniciante.

Confira!

O que é e como funciona a bolsa de valores?

A bolsa de valores é um ambiente de negociação de diversos tipos de valores mobiliários — como ações, cotas de certos fundos de investimento e mais. Por meio dela, os investidores podem negociar entre si ou com diversas empresas e fundos.

Um dos objetivos da bolsa é oferecer um ambiente regulado e com registro de todas as operações. Logo, isso oferece mais segurança operacional para todos os participantes.

No Brasil, a bolsa de valores é a B3 — sigla para Brasil, Bolsa, Balcão. Ela foi criada em 2017, após a fusão da BM&FBovespa e a Central de Custódia e Liquidação Financeira de Títulos Privados (Cetip).

Quais são os principais mercados da bolsa brasileira?

Além de conhecer as características gerais da bolsa de valores, é interessante se aprofundar em seus diferentes mercados. Neles, são negociados ativos, veículos e derivativos financeiros, atendendo a necessidades específicas de investidores e especuladores.

Como você está entre os investidores iniciantes, saber como funciona cada mercado pode ajudá-lo a planejar e executar as operações do seu plano de investimentos.

Por isso, veja quais são os ambientes da bolsa de valores e conheça suas características!

Mercado à vista

O mercado à vista é o mais conhecido da bolsa de valores e é onde acontece a maioria das operações. Nesse ambiente, a compra e a venda de ativos ocorrem pelo preço definido no momento, o qual depende da relação entre oferta e demanda.

É o que acontece, por exemplo, ao comprar ações. Quando você decide adquirir papéis de empresas no mercado à vista, o preço pago é aquele disponível no momento em que se realiza a negociação. Além disso, a liquidação é rápida, acontecendo em poucos dias úteis.

Mercado a termo

Já o mercado a termo faz parte dos ambientes que permitem negociar os derivativos financeiros, assim como os próximos mercados que você conhecerá. Logo, são negociados instrumentos financeiros que derivam de ativos de referência. Nesse caso, os derivativos são os contratos a termo.

Eles estabelecem uma relação de compra e venda que é executada em uma data futura. Para isso, há a incidência de uma taxa de juros sobre o preço do ativo de referência, bem como o compromisso de ambas as partes de executar as condições acordadas na data de vencimento.

Portanto, mesmo que o ativo tenha uma queda de preço até o vencimento, na data combinada será preciso pagar o preço mais a taxa de juros acordada. O funcionamento do mercado a termo é semelhante ao fazer uma compra parcelada em um crediário, por exemplo.

Mercado de opções

No mercado de opções, você consegue negociar os derivativos chamados de opções. Esses derivativos financeiros concedem um direito de negociação em uma data futura por um preço de exercício (strike).

Na prática, existem dois tipos principais de derivativos nesse mercado: as call e as put. As opções call concedem o direito de comprar determinado ativo. Enquanto isso, as opções put permitem vender os ativos pelo preço do strike.

Ademais, no mercado de opções há dois participantes: o lançador e o tomador. O lançador é quem vende as opções, em troca do recebimento de um prêmio. Esse prêmio corresponde ao preço de cada opção multiplicado pelo número de opções negociadas.

Já o tomador representa quem adquire esses derivativos. Até a data de vencimento, é o tomador que define se deseja exercer o direito da opção. Já se o tomador decidir exercer o direito, o lançador fica obrigado a cumprir as condições previstas pela opção.

Mercado futuro

No mercado futuro, são negociados os derivativos financeiros conhecidos como contratos futuros. Eles permitem que você se posicione sobre o desempenho de um ativo de referência, como commodities, moedas, índices e mais.

Para entender melhor como o mercado futuro funciona, considere que um operador deseja se posicionar em um contrato futuro de dólar. Ele acredita que a moeda americana passará por uma valorização, então se posiciona a favor desse ativo de referência.

A cada final de pregão, ocorre o ajuste diário do contrato futuro. Esse é um acerto financeiro baseado nos preços de ajuste do dia anterior. Se o resultado for positivo, o operador recebe os valores na sua conta. Se o resultado for negativo, o valor é debitado.

Na data de vencimento do contrato futuro, a posição é liquidada e o seu resultado será a diferença entre a soma de todos os ganhos e a soma de todas as perdas diárias. Logo, se o dólar seguir a tendência esperada pelo operador, ele terá lucros.

Quais os principais investimentos disponíveis na bolsa brasileira?

Agora que você conhece os principais mercados da bolsa de valores, é importante entender quais são os investimentos mais comuns desse mercado. Assim, você saberá como compor sua carteira de investimentos, de acordo com sua estratégia.

Na sequência, descubra os principais investimentos e instrumentos financeiros que estão na bolsa de valores!

Ações

Quando o assunto é a bolsa de valores, o mercado acionário costuma ser o primeiro a ser lembrado, por ser o mais popular. Nesse ambiente, são negociadas as ações — que representam pequenas partes do capital social de uma empresa disponível na bolsa.

Portanto, ao comprar ações você se torna um sócio da companhia de capital aberto. Logo, você começa a participar dos resultados da empresa, bem como corre riscos com ela. Nesse tipo de investimento, há múltiplas formas de obter rendimento, sendo duas as principais.

A primeira envolve a valorização dos ativos, gerando ganho de capital. É o que acontece quando você compra uma ação por um preço, ela se valoriza e, no futuro, você a vende por um preço maior. Essa diferença entre preço de venda e de compra representa a rentabilidade.

Além disso, é possível lucrar com os proventos, que são benefícios distribuídos para os investidores. Entre eles, estão os dividendos: uma parte do lucro líquido da empresa dividida entre os acionistas de modo proporcional à quantidade de ações de cada um.

Existem diferentes tipos de ações na bolsa. As principais são:

  • ordinárias (ON): concede direito a voto nas decisões do Conselho Administrativo. Logo, ela permite que você participe das escolhas mais importantes para a companhia, mas o seu poder de influência depende de quantas ações você possui;
  • preferenciais (PN): não concede direito a voto, mas oferece preferência no recebimento de dividendos;
  • unit: é uma espécie de pacote de ações e apresenta uma proporção entre ações ON e PN. Logo, permite ter os benefícios de ambos os tipos de ação.

ETFs

Você também poderá investir nos exchange traded funds (ETFs) ou fundos de índice por meio da bolsa de valores. Esses são veículos que funcionam como condomínios financeiros e cuja participação depende da aquisição de cotas.

Além disso, os recursos são movimentados por uma gestão profissional, que define a alocação do dinheiro de acordo com a estratégia adotada no fundo. No caso dos ETFs, a intenção é replicar a carteira teórica de um indicador de referência.

Assim, a gestão desse tipo de fundo é passiva. Ou seja, o gestor não toma decisões por conta própria, mas apenas busca replicar o índice. Com isso, os custos do fundo — como a taxa de administração — também tendem a ser reduzidos.

Por meio dos ETFs, você pode investir indiretamente em diversos ativos da renda fixa ou da renda variável, como ações. Além disso, existem ETFs que são baseados em índices internacionais, então essa é uma forma de investir com exposição ao exterior sem precisar sair do Brasil.

FIIs

Outro veículo que tem cotas negociadas na bolsa de valores é o fundo de investimento imobiliário (FII). Esse é um fundo que investe prioritariamente em ativos do mercado de imóveis, permitindo que você se exponha ao setor de modo mais acessível.

Na prática, existem três tipos principais de FIIs. São eles:

  • fundos de papel: alocam a maioria do dinheiro em títulos do setor de imóveis, como letra de crédito imobiliário (LCI) e certificado de recebíveis imobiliários (CRI);
  • fundos de tijolo: priorizam a aquisição de imóveis físicos, como lajes corporativas, galpões industriais, empreendimentos residenciais e mais;
  • fundos de fundos: direcionam a maior parte dos recursos para comprar cotas de outros FIIs.

Vale notar que, embora os fundos de papel invistam prioritariamente em títulos de dívida, eles não são investimentos de renda fixa. Como as cotas são negociadas na bolsa, elas estão sujeitas a flutuações de preço, então não há como garantir o retorno, como acontece na renda fixa.

Além disso, vale saber que os FIIs são obrigados a distribuírem dividendos periodicamente. Eles devem dividir, no mínimo, 95% dos resultados líquidos na forma de dividendos para os cotistas, pelo menos a cada 6 meses.

BDRs

Os certificados de depósito de valores mobiliários (BDRs) são investimentos que apresentam lastro em ativos do mercado externo. Eles são criados por uma instituição depositária, que adquire os investimentos no mercado internacional e, depois, emite os certificados negociados na B3.

Então ao investir em BDRs, você tem direito aos resultados do investimento de referência. Nesse caso, os BDRs disponíveis podem ter lastro em ações, ETFs ou títulos de dívida (bonds) internacionais.

Vale notar que, por meio dos BDRs, você tem a chance de acessar investimentos internacionais sem precisar sair da bolsa brasileira. Logo, é uma forma de investir em empresas que não têm capital aberto no Brasil, por exemplo.

Além disso, os BDRs fazem os pagamentos de dividendos, caso o ativo lastreado distribua esse tipo de provento. Só é preciso ficar atento em relação à cobrança de Imposto de Renda no país de origem.

Derivativos

Até aqui, você conheceu ativos e veículos financeiros que fazem parte da bolsa de valores. Porém, também é preciso considerar a existência dos derivativos. Esses instrumentos financeiros fazem parte dos mercados que você conferiu, como mercado a termo, de opções e futuro.

Por meio deles, você pode executar estratégias mais complexas, tanto para se proteger (hedge) quanto para buscar lucro com as oscilações de preço do mercado. Contudo, os derivativos, no geral, apresentam um nível maior de volatilidade, o que também eleva os riscos.

Qual o valor mínimo para investir na bolsa de valores?

Agora que você conhece a composição da bolsa de valores, vale a pena entender de quanto é preciso dispor para negociar nesse mercado. Um mito comum sobre isso é a ideia de que apenas pessoas com um grande patrimônio podem negociar na bolsa.

Por isso, muitos investidores iniciantes acabam achando que não há como investir na bolsa de valores para obter resultados interessantes com ela. No entanto, não são exigidos valores mínimos elevados nas operações desse mercado.

No caso dos ETFs e FIIs, por exemplo, o investimento mínimo costuma ser de apenas uma cota. Então você precisará somente do valor correspondente a ela para começar a investir nesses veículos financeiros. Logo, é possível encontrar investimentos por menos de R$ 100, por exemplo.

Já no mercado de ações, o lote padrão é de 100 ações, o que aumenta o valor mínimo exigido. No entanto, é possível negociar no mercado fracionário — no qual você pode comprar qualquer quantidade entre 1 e 99 ações.

Nesse caso, é viável encontrar ações de todos os preços. Portanto, não existe um valor mínimo padronizado para investir na bolsa. A quantia necessária para realizar as operações dependerá do ativo escolhido, da cotação e da quantidade que você pretende negociar.

Os investimentos da bolsa são indicados para qual perfil de investidor?

Antes de investir na bolsa de valores, também é fundamental saber para quem as oportunidades podem ser indicadas, considerando os riscos envolvidos. Sendo iniciante, é ainda mais relevante que você conheça essa relação.

Nesse sentido, convém notar que os investimentos da bolsa de valores são de renda variável e, por isso, não oferecem previsibilidade sobre o retorno. Logo, não é possível saber qual será a rentabilidade — ou mesmo se ela existirá.

Isso acontece, principalmente, devido ao risco de mercado. Ele envolve as flutuações que podem ocorrer nos preços dos investimentos, de acordo com a oferta e a demanda. Logo, o comportamento dos investidores pode aumentar ou diminuir o preço dos ativos e veículos financeiros negociados.

Essa dinâmica aumenta o grau de incerteza e, consequentemente, os riscos. Por isso, o investimento na bolsa costuma ser mais adequado para quem tem um perfil de investidor mais tolerante a esse fator.

Desse modo, investidores moderados e arrojados são os que mais costumam participar da bolsa. Essa consideração é importante para garantir que você será capaz de lidar com as oscilações que podem ocorrer nos investimentos.

O que mais é importante saber antes de investir na bolsa?

Você acabou de ver diversos pontos importantes para os iniciantes que querem saber como investir na bolsa de valores. Além deles, existem outros aspectos que devem ser considerados e que o ajudarão a planejar e realizar as operações de maneira mais efetiva.

A seguir, descubra quais são outros pontos que você deve saber antes de investir na bolsa!

Há a cobrança de taxas e impostos

Ao realizar operações na bolsa, é comum se deparar com encargos que podem afetar a rentabilidade do seu investimento. Por isso, é essencial entender quais são as cobranças, de modo a estar mais preparado.

Uma das taxas são os emolumentos, cobrados pela B3. Eles costumam variar de acordo com o tipo e volume de operação, o que requer atenção. Além disso, existem as taxas de liquidação e negociação. Elas são cobradas em relação ao volume total que é negociado e também podem interferir nos resultados.

Ainda, há as taxas de custódia e de corretagem. Elas são cobradas pela instituição financeira, como o banco de investimentos. Cada instituição pode definir quais serão os valores incidentes — e podem, inclusive, não cobrá-los. Então vale a pena pesquisar.

Além disso, há a incidência de Imposto de Renda em operações com lucro na bolsa de valores. Em muitas operações, o tributo é apurado pelo próprio investidor, via Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF), mas vale observar cada caso.

Investir não é a única possibilidade

Outro ponto importante para conhecer sobre a bolsa de valores é que o investimento não é a única alternativa de operação. Em geral, investir tem foco no longo prazo e envolve manter os ativos na carteira por 5 anos ou mais.

Além dessa possibilidade, há a chance de especular na bolsa de valores. Nesse caso, a intenção é explorar a oscilação dos preços de ativos e derivativos para buscar obter lucros em um curto período.

Com base na duração das operações, há diversas modalidades especulativas, como:

  • day trade: prevê a abertura e o fechamento das operações no mesmo pregão;
  • swing trade: a operação é encerrada em alguns dias ou semanas após ser aberta;
  • position trade: o fechamento da posição pode levar semanas ou meses para acontecer.

Ao especular, há maior exposição à volatilidade e aos riscos. Por isso, essa é uma estratégia que exige mais conhecimento do mercado e maior tolerância ao risco.

Ganhar com a baixa do mercado é viável

Quando a ideia é obter lucros na bolsa de valores, muitas pessoas acreditam que isso só é possível quando ocorre a valorização dos ativos. No entanto, também existe a chance de obter lucros com um cenário de baixa.

Isso é possível por meio da realização da operação conhecida como venda a descoberto. Nesse caso, a ideia é vender uma ação (ou outro ativo ou derivativo) que você não tem na carteira, diante da expectativa de queda do mercado.

Após determinado período, você recompra os papéis novamente e encerra a posição. Se a desvalorização tiver ocorrido, você poderá comprar as ações por um preço menor que o recebido na venda, por exemplo. Logo, haverá lucro.

Porém, note que a estratégia tem um risco elevado, pois as perdas são ilimitadas. Como os ativos ou derivativos podem se valorizar de modo indefinido, você corre o risco de precisar comprar os ativos por um preço mais elevado do que no começo, gerando perdas.

Portanto, essa é uma estratégia que costuma ser mais adequada para quem tem mais conhecimento e experiência, além de uma tolerância maior ao risco. Ademais, ela não é considerada um investimento, mas uma forma de especulação.

Como investir na bolsa?

Depois de todas as informações que você conferiu, é o momento de saber realizar operações na bolsa. Então um passo a passo pode ser útil para realizar as operações de forma mais consciente e saber como iniciantes podem investir na bolsa de valores.

A seguir, descubra quais são os pontos essenciais!

Analise seu perfil de investidor e seus objetivos financeiros

Como você viu, é preciso considerar sua tolerância ao risco antes de investir na bolsa de valores — especialmente, no caso dos iniciantes. Logo, você deve garantir que seu perfil esteja alinhado aos riscos desse mercado de negociação.

Além disso, é necessário considerar os seus objetivos financeiros. Como os riscos dos investimentos na bolsa tendem a ser maiores, o ideal costuma ser investir no longo prazo. Assim, é possível diminuir o impacto da volatilidade, mitigar os riscos e aumentar o potencial de acúmulo de capital.

Diante disso, verifique se os prazos dos seus objetivos são condizentes com esse tipo de investimento. Se a sua intenção for investir no curto prazo, por exemplo, pode ser melhor buscar alternativas mais seguras.

Abra uma conta em um banco de investimentos

Depois de definir o seu plano de investimentos, é necessário partir para a realização de operações. Nesse caso, você deve abrir uma conta em um banco de investimentos.

Essa instituição servirá como uma ponte entre você e a bolsa, garantindo acesso aos diferentes ativos e derivativos. É essencial contar com uma instituição robusta, com ferramentas que facilitem o investimento e ofereçam um bom suporte.

Realize as suas operações na bolsa

Após criar a conta no banco de investimentos, você estará pronto para realizar os primeiros aportes. Para isso, é preciso acessar o home broker — que funciona como uma plataforma de negociação da bolsa.

Nele, constam todos os ativos e derivativos e você poderá pesquisá-los pelo ticker, que é um código de negociação. Depois, é só emitir sua ordem de compra, especificando a quantidade que deseja comprar, e esperar a liquidação da operação.

Com essas informações para iniciantes, você descobriu como eles podem investir na bolsa de valores. Antes de realizar as operações, portanto, é preciso considerar o que leu aqui e analisar o que realmente faz sentido para você.

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André Barbirato

Formado em marketing, encontrou no mercado financeiro sua verdadeira vocação. Possui certificação ANCORD e mais de 10 anos de experiência no mercado de capitais. Atualmente é head de sales B2B e B2C em renda variável em um banco de investimentos. É também o criador do blog Eu Posso Investir!?

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