Como acompanhar sua carteira de investimentos?

Acompanhar a carteira de investimentos é uma dificuldade real de muitos investidores. Especialmente entre aqueles que têm um portfólio diversificado, identificar como os seus investimentos estão performando pode ser um grande desafio.

Diante deste cenário, é bastante comum que estes investidores deleguem a um terceiro a responsabilidade de acompanhar sua carteira – como aos assessores de investimento.

Entretanto, por mais que este profissional possa oferecer aos investidores um auxílio valioso nos mais diversos aspectos, é preciso atenção. Afinal, apenas você, investidor, sabe exatamente os motivos pelos quais montou sua carteira de investimentos, não é mesmo?

Por isso, neste artigo, falarei um pouco mais sobre o acompanhamento da carteira de investimentos e tentarei ajudar você a fazer um bom acompanhamento do seu portfólio pessoalmente e sem dificuldades.

O acompanhamento terceirizado

Antes de falar a respeito do acompanhamento correto da sua carteira de investimentos é importante retomar a questão do acompanhamento terceirizado.

Como já expliquei no início do artigo, as assessorias de investimento são de muita valia para boa parte dos investidores. Contudo, o seu assessor de investimentos não pode – e não deve – ser o responsável pelo acompanhamento do seu portfólio.

O principal motivo é simples: a personalização da sua carteira. Se você já aprendeu a investir corretamente entende que todo investimento precisa ter um objetivo, certo?

Por exemplo, para sua reserva de emergência, o investimento deve lhe oferecer alta liquidez e segurança. Para a fatia da sua carteira voltada à aposentadoria, os investimentos podem ser de maior risco (como as ações) e menor liquidez. Afinal, sua meta é alocar seu capital visando o longo prazo.

Mas, e se os seus objetivos mudam ao longo do tempo? Estas mudanças não são apenas possíveis, como bastante comuns de acontecer.

Imagine, por exemplo, que você mudou de carreira, decidiu empreender ou mesmo que está aguardando a chegada de um filho. Em qualquer uma destas situações, pode – e normalmente há – haver muitas mudanças em relação aos seus objetivos de curto, médio e longo prazo.

E como o seu assessor de investimentos poderia acompanhar adequadamente a sua carteira sem saber de todos estes detalhes da sua vida, que apenas você sabe? É exatamente por isso que a carteira de investimentos deve ser acompanhada por você pessoalmente.

Foco nos objetivos

Agora que você entendeu por que não deve delegar a tarefa de acompanhar sua carteira de investimentos a terceiros, é o momento de descobrir a melhor maneira de acompanhar o seu portfólio.

Em primeiro lugar, você deve se atentar aos seus objetivos. Costumo dizer que, se você investiu em um determinado produto ou ativo porque começou a chover, você só deve tomar a decisão de tirá-lo de sua carteira porque parou de chover.

Por exemplo, se os seus planos de curto, médio ou longo prazo mudaram, pode ser que você precise fazer ajustes no seu portfólio. O mesmo pode ocorrer na fatia da carteira alocada na renda variável.

Se você investiu em um determinado ativo por conta dos fundamentos da empresa, por exemplo, em tese, você só deveria tirá-lo do seu portfólio e os seus objetivos mudaram (ou o seu perfil de investidor) ou se os fundamentos da companhia mudaram. Exceto por estas situações, não haveria motivo para fazer ajustes.

Portanto, as únicas situações nas quais faz sentido trocar os produtos e ativos da sua carteira, na minha opinião, seriam: mudanças de objetivos, alterações no perfil de investidor e mudanças relacionadas aos fundamentos de um determinado ativo.

É claro que, nesta situação, não estou contando com eventuais oportunidades de investimento que podem surgir pelo caminho. Mas, de maneira geral, você só deveria pensar em alterar a carteira nestes momentos.

Destrinchando a carteira de investimentos

Considerando o que você leu até agora, fica fácil perceber que, conforme você se torna mais consciente das suas escolhas de investimento, mais simples será o acompanhamento do seu portfólio.

Mas, se você é o tipo de investidor que não consegue abrir mão de avaliar com frequência os seus investimentos, analisar o portfólio em partes pode lhe ajudar a não perder tempo e focar naquilo que, de fato, fará alguma diferença ser analisado.

De olho na renda fixa

Os investimentos em renda fixa fazem parte da fatia previsível de cada carteira. Isso porque, uma vez que se sabe a rentabilidade do investimento desde o aporte, basta que o investidor verifique os produtos que fazem parte do seu portfólio e acompanhe as datas de vencimento.

Isso vale, por exemplo, para investimentos como o Certificado de Depósito Bancário (CDB), as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCI e LCA), títulos do Tesouro, entre outros.

Sabendo quando vence e a remuneração que você obterá com esses investimentos, não haverá nenhum motivo para acompanhar esta parcela da sua carteira constantemente.

Avaliando a renda variável

A renda variável tem como principal característica a volatilidade. E quem investe em renda variável normalmente está focado no longo prazo, certo? Por isso, não faz tanto sentido acompanhar com frequência estes ativos.

Isso não significa, entretanto, esquecer da sua carteira. É importante sempre averiguar se os fundamentos das empresas que compõem sua carteira permanecem os mesmos e se os seus investimentos estão adequados aos seus objetivos.

Se você acompanha uma carteira de investimentos específica – como a carteira de uma casa de análises, por exemplo, a premissa também é a mesma. Neste caso, a análise é feita por aqueles que compuseram a carteira – e cabe a você, investidor, seguir esta estratégia se você confia no portfólio e nas análises destes profissionais.

Em resumo, você deve verificar se os motivos pelos quais você fez seus investimentos ainda são os mesmos. Se a resposta for sim, não há motivos para ajustes na sua estratégia.

Por outro lado, é comum que seja necessário rebalancear a carteira de tempos em tempos – readequando o percentual de cada investimento que compõem o seu portfólio. Neste caso, o assessor de investimentos pode ser uma figura bastante útil para o investidor.

Ferramentas para acompanhamento da carteira

Você pode fazer o acompanhamento do seu portfólio de investimentos por meio da sua área logada no seu banco de investimentos ou a partir de uma planilha pessoal no Excel.

Utilizar aplicativos que consolidam os investimentos também pode ser uma alternativa para muitos investidores. Tudo depende do formato que mais lhe deixa confortável para seguir com este acompanhamento de maneira saudável e sem estresse.

Como acompanhar a carteira de investimentos corretamente?

Acompanhar a carteira de investimentos com eficiência, portanto, não deve ser uma tarefa que exige tempo e conhecimento do investidor. É preciso apenas que as decisões de investimento tenham sido tomadas de maneira correta – de acordo com os objetivos e perfil daquele que investiu.

Se as decisões em relação à carteira foram acertadas, o investidor precisa apenas se atentar ao vencimento dos seus títulos em renda fixa e aos fundamentos dos investimentos em renda variável.

Você deve também avaliar se os seus objetivos e o seu perfil de investimento se mantiveram inalterados ou se foram ajustados. Neste segundo caso, mudanças no portfólio podem fazer sentido.

Tenha sempre em mente que a responsabilidade de acompanhar seu portfólio deve ser, em primeiro lugar, sua. Assim como é sua também a decisão de investir ou não em um determinado produto, de acordo com suas metas e objetivos pessoais.

Finalmente, não se esqueça que não adianta acompanhar frequentemente a parte da sua carteira destinada ao médio e longo prazo. Permita que seus investimentos amadureçam e segure a ansiedade.

Lembre-se que investidores ansiosos correm maiores riscos de não seguirem seu próprio planejamento. E, na ânsia de alterar seus investimentos frequentemente, acabam perdendo dinheiro ou demorando muito mais tempo para alcançar seus objetivos.

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André Barbirato

Formado em marketing, encontrou no mercado financeiro sua verdadeira vocação. Possui certificação ANCORD e mais de 10 anos de experiência no mercado de capitais. Atualmente é head de sales B2B e B2C em renda variável em um banco de investimentos. É também o criador do blog Eu Posso Investir!?